Por Sibylle Muller, CEO da NeoAcqua
Quando falamos em saneamento básico, a imagem que vem à mente costuma ser a de uma infraestrutura estática, que “funciona” nos bastidores das cidades. Porém, essa é uma percepção que tem que ser revista. O setor é, na verdade, um campo repleto de oportunidades visando a saúde pública, o bem estar social e a sustentabilidade ambiental
Os dados mostram a necessidade de urgentes transformações no setor. Em 2020, apenas 84,1% da população brasileira tinha acesso à água tratada e 55% contava com coleta de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Levantamento do Instituto Trata Brasil, revela que mais de 32 milhões de brasileiros vivem sem água potável e 93 milhões não têm coleta e tratamento de esgotos. Este quadro tem consequências importantes nos gastos com saúde pública por conta de doenças veiculadas pela água, com reflexos na produtividade dos cidadãos, na abstinência no trabalho e no desenvolvimento na infância.
Atualmente, tecnologias de alto desempenho permitem que, além das grandes estações de tratamento municipais, sistemas de tratamento de menor porte, descentralizados, compactos, possam reciclar a água ou devolver a água tratada à natureza, contribuindo para a redução da poluição dos nossos cursos d’água e para o cumprimento da meta do Marco Legal do Saneamento. Avanços na automação agregados a essas tecnologias permitem ajustar processos e evitar desvios antes que causem falhas ou problemas de qualidade do efluente tratado.
Além da reciclagem da água do esgoto, a NeoAcqua desenvolveu tecnologia para o reaproveitamento de águas cinzas, oriundas de lavatórios e chuveiros. A água cinza tratada substitui a água potável nos pontos de consumo em que a potabilidade não é necessária, como em descargas de vasos sanitários, irrigação de gramados, rega de jardins, águas de reposição de lagos ornamentais ou de sistemas de ar condicionado e limpeza em geral. A redução do consumo da água potável, com a substituição por água reciclada, gera economia na conta de água, além de preservar recursos hídricos naturais por implicar menor volume de captação e transporte da água a partir de fontes naturais. Essas soluções vem ganhando credibilidade à medida que vão sendo aplicadas, com sucesso e segurança, nos mais diversos empreendimentos.
Na NeoAcqua, nossa engenharia desenvolve projetos que atendem as necessidades de cada empreendimento e as exigências da legislação pertinente. Destacamos que a instalação de sistemas dimensionados para reuso, além de assegurar pontos para a sustentabilidade do empreendimento, garante economia nas despesas mensais com água e um curto período de retorno do investimento. No empreendimento Luna Nova, na Chácara Santo Antônio, em São Paulo, por exemplo, conseguimos reduzir mais de 800 m³ de consumo de água potável por mês.
O Marco Legal do Saneamento está impulsionando o setor em nosso País, com o desenvolvimento e financiamento de projetos dos mais variados portes, inclusive de estações de tratamento de água e de esgoto descentralizados e sistemas compactos. O desafio da universalização do tratamento de água e esgoto ainda é grande, há muito por fazer. O esforço conjunto de todos, legisladores, políticos e empresários, é fundamental para, por meio da melhoria do saneamento básico, alcançar um desenvolvimento sócio-ambiental com mais saúde pública, mais desenvolvimento social e maior sustentabilidade ambiental.